ACT 2020/2022 Foi Assinado em Junho

Como foi amplamente divulgado pela empresa, acabamos não divulgando aqui na oportunidade mas para manter o registro histórico dos acontecimentos vamos escrever sobre o desfecho da Campanha Salarial 2020/2021.

No dia 18/06/2021 foi assinado junto ao TST o Acordo Coletivo 2020/2022. Devido à demora no processo de negociação, a empresa, após consultar o SEST novamente, trouxe uma nova proposta, desta vez com validade de 2 anos (vigorará até o dia 30/04/2022). As assembleias de trabalhadores nos vários estados, inclusive no Paraná, aceitaram a proposta.

Os principais pontos do ACT 2020/2022 são:

  • 0% de reajuste referente ao período de 01/05/2019 à 30/04/2020.
  • Reajuste de 5,31% (70% do INPC) referente ao período de 01/05/2020 à 30/04/2021 a ser aplicado a partir de maio de 2021, incidente sobre: salário, tíquete, auxílio creche e auxílio a filho deficiente.
  • Abono único de R$ 2.210,00 para os empregados ativos na data de assinatura do Acordo.
  • Quitação do tíquete natalino de 2020 no valor de R$ 950,64.

Andamento da Campanha Salarial 2020/2021

Após a última publicação da OLT-PR sobre este assunto em junho/2020, o processo de negociação vem se arrastando e o ACT ainda não foi assinado.

Os acontecimentos:

– Após solicitação de FENADADOS e FNI, houveram reuniões de mediação com a empresa no TST nos meses de junho e julho.

– Dia 9 de julho foi realizada a terceira reunião de negociação junto ao TST. Na ocasião, os representantes do SERPRO e da FENADADOS aceitaram a seguinte proposta do Vice-Presidente do TST, ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho: Renovação integral das cláusulas do ACT vigente pelo período de 1 ano com dois ajustes específicos: 1) Incorporar o valor da 13ª cartela de Auxílio Alimentação/Refeição aos créditos mensais regulares, a partir da vigência do ACT 2020/2021, excluindo a cláusula anterior sobre o tema. O valor mensal passa de R$ 950,00 para R% 1.029,00. 2) Concessão de um abono linear de R$ 2.210,00 por empregado, a ser pago até o mês subsequente a assinatura do Acordo, podendo ser antecipado o pagamento. * A OLT-PR lembra que a proposta de ajuste/correção salarial foi de 0%. Veja a ata da reunião aqui.

– Em seguida houveram assembleias nos estados. Aqui no Paraná a assembleia virtual ocorreu no dia 15/07/2020 e a proposta foi aprovada. Nos demais estados a proposta foi igualmente aprovada.

– Após a aprovação, imaginou-se que o ACT seria assinado mas sem explicações oficiais o SERPRO não assinou. Uma teoria comentada nos bastidores dá conta que a SEST não teria autorizado a proposta.

– Desde então, mês a mês, SERPRO e FENADADOS têm prorrogado a vigência do ACT anterior, a pedido da empresa. O processo de mediação considera-se em andamento.

Outra situação que trouxe prejuízo aos trabalhadores foi que, mesmo o ACT anterior tendo sido prorrogado até final de dezembro e posteriormente até final de janeiro, a empresa não pagou aos trabalhadores a 13a cartela de ticket. Apesar de haver aqui uma questão de interpretação da cláusula (que cita explicitamente o benefício em dezembro/2019), a FENADADOS entende que o benefício deveria ter sido pago. Assim, a Federação ficou de peticionar dentro da mediação do TST, informando ao Tribunal o não cumprimento desta cláusula. Se essa ação da FENADADOS não der resultado, os sindicatos de cada estado devem entrar com ação junto aos TRT estaduais por descumprimento de ACT.

Campanha de Marketing Contra a Privatização do SERPRO e da DATAPREV

Após o e-mail enviado pela OLT-PR em 30/09 pedindo a participação dos trabalhadores da Regional Curitiba para responder a enquete referente à Campanha de Marketing, o grupo de colegas que está organizando a Campanha lançou o início da arrecadação no dia 03/11.

Lembramos que essa é uma campanha de marketing contra as privatizações do SERPRO e da DATAPREV. É um projeto que pode fazer diferença para as duas empresas e para o Brasil. A OLT-PR incentiva e conta com a participação de todos.

A ideia da campanha é a contratação de uma empresa de marketing e fazer uma campanha profissional mostrando para a população e para os parlamentares a importância e o papel do SERPRO e da DATAPREV. Mostrar o trabalho sério que desenvolvemos. Mas para qualquer ação precisamos de recursos e por isso é importante a contribuição de todos. 

O material informativo da campanha, pode ser visto aqui: http://salveseusdados.com.br/wp-content/uploads/2020/11/Campanha-de-Marketing-Salve-seus-Dados.pdf

Já a relação de Perguntas Frequentes pode ser acessada aqui: http://salveseusdados.com.br/perguntas-frequentes/

A seguir divulgamos as opções de doação.

Opção 1 – Plataforma de financiamento coletivo Abaca$hi (é possível contribuir por cartão de crédito ou boleto):

https://abacashi.com/p/salve-seus-dados

Opção 2 – Transferência ou depósito bancário:

Banco do Brasil

Agência: 1569-5

Conta Corrente: 27.211-6

ANED – Associação Nacional dos Empregados da Dataprev

CNPJ: 29.255.585/0001-72

Obs: A transferência deve ser mensal, até vencermos essa luta.

Solicitação de Adiamento do Retorno ao Trabalho Presencial

* A solicitação a seguir foi enviada para o Diretor de Desenvolvimento Humano com cópia para a Superintendente de Gestão de Pessoas, para a Gerente do Departamento de Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho e para o Gerente do Departamento de Gestão das Relações do Trabalho.

No início de setembro o SERPRO anunciou o retorno ao trabalho presencial, de forma gradual e separando os trabalhadores em 3 grupos (aptos, vulneráveis e de risco). O primeiro grupo está convocado a voltar presencialmente à empresa em 05/10. A OLT-PR considera precipitada a convocação para retorno obrigatório dos empregados neste momento.Conversamos com os trabalhadores e muitos não se sentem seguros para esse retorno e consideram um risco muito alto. Essa insegurança se justifica pelo temor de trabalhar com várias pessoas no mesmo local físico e com ar condicionado central, já que o coronavírus continua registrando muitos casos em todo o Brasil.

Diante disso, solicitamos aos Diretores e Gestores do SERPRO que revejam essa determinação e propomos o seguinte:

  • Permitir que cada empregado possa decidir individualmente se quer retornar ao trabalho presencial ou permanecer em home office.
  • Adiar a obrigatoriedade do retorno ao trabalho presencial para um momento em que a pandemia esteja num estágio menos crítico, idealmente após a vacinação de todos os empregados.
  • Oferecer condições para o retorno seguro, para os empregados que desejarem voltar.

Adicionalmente, divulgamos a seguir ofício enviado por várias OLTs do SERPRO à Diretoria, ofício este que a OLT-PR não assinou na ocasião mas concorda totalmente com os termos do mesmo.

OFÍCIO: OLTs/SERPRO – 001/2020

Brasília, 14 de setembro de 2020

Diretor de Desenvolvimento Humano

Sr.  Wilson Biancardi Coury

Assunto: RETORNO AO TRABALHO PRESENCIAL – SERPRO

Consoante última matéria publicada no comunicado “Primeira Leitura”, dia 09 de setembro de 2020, a empresa determina o retorno presencial das atividades laborativas a partir do dia 05 de outubro de 2020. Destaca-se que esse posicionamento atual da empresa gerou perplexidade, tendo em vista que o desempenho de excelência no regime de trabalho remoto (home office) era notório entre os membros e diretores – inúmeras reuniões atestavam a alta efetividade, elogios não faltavam. 

Outrossim, ressalta-se que o posicionamento da empresa quanto ao retorno do trabalho presencial deveria ser contrário ao sustentado, uma vez que figura como a maior empresa pública de tecnologia e informação do mundo. Nestes momentos de crise anseia-se que a empresa busque a alta performance em tecnologia e estratégia para a nova organização do trabalho, e não engessar o meio laboral com políticas conservadoras e arcaicas.

Destarte, nota-se que não há justificativa plausível para o retorno imediato das atividades, uma vez que o atual cenário global não garante imunização do vírus COVID19, e que,consubstanciado na própria declaração dos dirigentes, o trabalho remoto do SERPRO exterioriza alta efetividade. O nível de excelência alcançado é superior ao trabalho presencial,reconhecimento este alcançado não apenas no domínio interno e local, mas no âmbito nacional junto aos demais órgãos e empresas governamentais.

Com efeito, as OLTs/SERPRO vêm por meio deste ofício solicitar à empresa esclarecimentos das questões a seguir delineadas:

  • 1. O retorno presencial observou quais dados epidemiológicos?
  • 2. No escalonamento, o grupo de risco deverá retornar em dezembro de 2020. Com intuito de garantir a saúde desse grupo vulnerável ao vírus COVID19, ocorrerá alguma alteração de segurança sanitária no mês dezembro?
  • 3. Quais tratativas serão interpostas quando detectado a presença do vírus COVID19 entre os empregados de uma área? Todos empregados ficarão em quarentena?
  • 4. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde de modo abrangente, inclusive resguarda a saúde mental dos trabalhadores quanto ao retorno prematuro das atividades laborais. Dessa maneira, imperioso o isolamento social de forma a preservar vidas. Quais medidas serão tomadas a fim de garantir a saúde mental dos empregados?
  • 5. A empresa fornecerá equipamento de proteção individual – EPI – para todos os empregados? Inclusive aos terceirizados?

Em razão do exposto, tendo em vista o atual cenário pandêmico, solicita-se que a empresa reconsidere a volta prematura do trabalho presencial. Sugerimos adiar o retorno sine die, semelhante a empresa Dataprev (empresa irmã do Serpro) de forma que possamos retornar com segurança após a vacinação da população.

Atenciosamente,

OLT/BA; OLT/MG; OLT/CE; OLT/DF; OLT/PA; OLT/PE; OLT-Andaraí/RJ.

Andamento da Campanha Salarial 2020 e Desfiliação à FEITTINF

Em meio ao trabalho em home office por conta da pandemia do COVID-19, a campanha salarial 2020 começou através de reuniões virtuais. Houveram 3 reuniões no mês de maio com a participação por parte dos trabalhadores da FENADADOS e dos sindicatos da FNI. A FEITTINF novamente não esteve na mesa. A notícia ruim para os trabalhadores é que a empresa continua com a tática de tentar retirar direitos históricos e descaradamente tentar distorcer suas verdadeiras intenções em notas tendenciosas no Primeira Leitura. A exemplo da campanha do ano passado, a empresa segue tentando interferir na organização sindical quando inaceitavelmente quer determinar em que momento a FENADADOS deve fazer assembleias deliberativas. Tentar determinar isso após rejeitar na íntegra a pauta dos trabalhadores e ainda propor retirada de direitos é no mínimo um deboche.

Depois da última reunião virtual, não havendo disposição da empresa por uma negociação de fato, já que a empresa não aceitou nenhum item da pauta dos trabalhadores e não abriu mão da retirada de benefícios históricos (ticket natalino, anuênio, licença prêmio, etc), FENADADOS e FNI comunicaram que vão pedir mediação do TST. Detalhes da situação podem ser vistos nestes links: 1a Mesa, 2a Mesa, 3a Mesa, A Verdade dos Fatos.

Como novamente a FEITTINF está fora da mesa de negociação, a OLT-PR entrou em contato com o SINDPD-PR para saber se mais uma vez o Paraná e os outros 4 estados da FEITTINF (SP, MT, AL, RO) ficarão fora da campanha salarial. Fomos surpreendidos pela informação de que o Sindicato se desfiliou da FEITTINF e agora está independente de federação. A decisão foi tomada pelo colegiado do Sindicato e o motivo alegado é que a FEITTINF estava deixando muito a desejar na atuação junto às empresas públicas, além de terem ocorrido problemas no fechamento da Convenção Coletiva de Trabalho das empresas particulares. Foi informado à OLT que o Sindicato deve dar procuração para a FENADADOS representar o Paraná na campanha salarial 2020. Solicitamos a realização de uma assembleia, o que pode acontecer em breve.

Abaixo-assinado pela Prorrogação do Teletrabalho

Os Teletrabalhadores do SERPRO foram chamados a retornar aos seus postos de trabalho dentro da empresa até 01/04/2020. Está em andamento uma Abaixo-assinado pedindo a prorrogação da data limite de retorno para 22/09/2020. Dia escolhido por se tratar do fim do Inverno no Brasil.

A OLT-PR apoia a solicitação e pede para que os demais trabalhadores ajudem no pedido assinando o Abaixo-Assinado.

Como assinar:
– Abrir o Google Chrome.
– No canto superior direito, clique para conectar na conta do Google com seu usuário de e-mail @serpro.gov.br.
– Será solicitada a senha do seu certificado digital.
– Copie e cole no Google: https://forms.gle/jPYycAqUskCM4x5z9
– Preencha corretamente as informações solicitadas.
– Clique em Enviar.

Reunião com Deputado Stephanes Junior

Há alguns dias, em 21/02, a OLT-PR do SERPRO, em conjunto com a OLT-PR da DATAPREV e o SINPD-PR participaram de uma reunião com o Deputado Federal Reinhold Stephanes Junior do partido PSD/PR. Nesse encontro buscamos mostrar a situação das duas empresas e tentar convencer o Deputado a defender no Congresso a não privatização das duas empresas.

Infelizmente o Deputado afirmou categoricamente ser favorável à privatização. Mas se comprometeu a defender os empregos dos atuais trabalhadores, criando mecanismos para não demissão pela empresa compradora. Também disse que iria tentar ajudar nas cessões de empregados da DATAPREV (caso mais urgente frente às demissões imediatas) e do SERPRO (futuramente, se for o caso).

Os argumentos apresentados pelo parlamentar são bem questionáveis e a OLT-PR discorda completamente. Ele disse ser de direita e entende que os serviços podem ser prestados da mesma forma pela iniciativa privada. Com relação aos dados armazenados, ele acredita que existindo lei adequada os dados estão seguros também na iniciativa privada. Citou que bancos, Facebook e Google já sabem “tudo” sobre todos.

Essa reunião foi uma tentativa feita junto ao Deputado, como já vem ocorrendo com outras OLTs e outros deputados em outros estados. A OLT-PR continuará na luta pela Não Privatização do SERPRO e em defesa da manutenção dos empregos dos trabalhadores do SERPRO.

Apoie a Não Privatização do SERPRO

A OLT-PR recebeu texto da OLT-PA com uma campanha direcionadas aos trabalhadores do SERPRO com ações contra a privatização da empresa. Nós concordamos e apoiamos essa campanha e por isso estendemos à base do Paraná. Segue o texto:

Car@s Funcionári@s,

Estamos divulgando as ações em apoio à empresa, contra a privatização e em defesa de nosso trabalho. É importante apoiar e divulgar, para conseguir o número de apoio necessário.

O SERPRO é uma empresa pública federal de tecnologia, estratégica, responsável pelo governo digital, que desenvolve sistemas para facilitar a vida do cidadão. Como tal, é ainda guardião de dados sigilosos e sensíveis de toda a população e do governo e não visa lucro.

Seria particularmente desastroso se as soluções de alta tecnologia e dados tão relevantes forem comprados por estrangeiros. Não há motivo para que uma empresa tão estratégica, eficiente, com funcionários altamente gabaritados (muitos mestres e doutores) venha a ser privatizada, com o único objetivo de favorecer a iniciativa privada e sanar problemas de caixa oriundos da corrupção e má gestão.”

Abaixo, link para registrar seu apoio:

https://www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaoideia?id=126871&fbclid=IwAR3a3KTz6GlNhRzefwI0ixJV_Y5egmGKvICgidhVlOgFCVOIi1ezaJjvK4Y

Em defesa da SUA PRIVACIDADE, do SERPRO, DATAPREV e BBTS.
https://www.change.org/p/brasil-em-defesa-da-sua-privacidade-do-serpro-dataprev-e-bbts?recruiter=844191784&utm_source=share_petition&utm_campaign=psf_combo_share_initial&utm_medium=whatsapp&recruited_by_id=0b5fdc20-e59c-11e7-b1e4-b3d44683bb7e

OLT REGIONAL BELÉM

Entendendo as Privatizações no Brasil

Texto escrito por Najara Escarião Agripino originalmente no site Recanto das Letras.

Decidi pela escolha do tema privatizações, devido às grandes dúvidas geradas pelo tema. Assim, utilizarei o espaço que me foi cedido para tentar humildemente esclarecer aos leitores sobre se as privatizações são de fato a melhor escolha para solucionar os problemas da má prestação dos serviços públicos ou um equívoco político.

Para começar, podemos entender o processo de privatização como sendo a venda de empresas públicas para o capital privado. Esse processo visa “livrar-se” de empresas estatais que estão dando prejuízo ou funcionando abaixo de sua capacidade, para, a partir do controle privado render e prestar um serviço de qualidade.

Na maioria das vezes, as empresas privadas possuem uma administração mais competente com foco no crescimento e desenvolvimento da empresa, por outro lado, o poder público por vezes trata a administração de empresas estatais como forma de troca de favores ou problemas governamentais.

No caso do Brasil, os efeitos das privatizações começaram a ser sentido principalmente nos últimos 30 anos, nesse período, mais de 100 empresas e concessionárias públicas foram passadas para o setor privado, o país integrou ao processo de privatização, principalmente os setores ligados à eletricidade, telecomunicação, mineração entre outros.

Em 1981 o governo criou a Comissão Especial de Desestatização, com o intuito de fazer um estudo de viabilidade econômica. O objetivo era identificar as empresas privatizáveis, que eram empresas de médio e pequeno porte, pois, até então, não se cogitava a venda de grandes estatais.

Os argumentos utilizados para justificar à população a venda de empresas públicas durante essa década eram a ineficiência das estatais dirigidas pelo governo, levando a população a acreditar que as privatizações seriam o melhor meio de aproveitamento das mesmas, já que essas seriam mais bem administradas, prestariam melhores serviços para a sociedade e não haveria mais gastos do dinheiro público com empresas que só traziam prejuízos.

Contudo na década de 90, a situação toma outra forma e as privatizações que antes atingiam apenas as pequenas e médias empresas públicas, chegaram às grandes empresas, onde importantes serviços públicos foram transferidos para o setor privado.

O governo de Fernando Henrique Cardoso foi o que mais privatizou, em março de 1998, já haviam sido privatizadas 23 empresas e algumas não privatizadas como as fornecedoras de energia elétrica, telecomunicações e setores de transporte, foram concedidas a grupos privados para serem coordenadas (funcionamento e rentabilidade)

No entanto, existe também o outro lado da moeda, o efeito colateral das privatizações. Enquanto que para o Estado é uma ótima forma de negócio, para o trabalhador a história é bem diferente, sendo esses as principais vítimas das desestatizações, já que o aumento de produtividade nem sempre significa melhoria das condições de trabalho ou aumento de salários.

A Companhia Vale do Rio Doce, caso mais famoso de desestatização do país, tornou-se um dos casos mais controversos de venda de empresas públicas, pois, além de faturar em um único trimestre valor superior ao qual foi vendida, descobriu-se mais tarde que a corretora que avaliou a Vale antes de sua venda era ligada a empresa Anglo American que participou do leilão (dando a entender que esta tenha sido sub-avaliada). A Vale foi vendida com o pretexto de pagar a dívida pública que, no entanto, só após o episódio.

O que devemos ter em mente, é que embora essas empresas após suas vendas ofereçam um serviço melhor, não vai significar investimentos e geração de emprego no país e nem benfeitorias para a sociedade. A título de comparação, a Petrobrás pagou apenas em royalties ao governo no ano de 2015 a quantia de 13,857 bilhões; a Vale paga menos de 1 bi. Da mesma forma que progridem em mãos particulares, com uma boa administração, essas empresas podem desenvolver-se também sob a administração pública. As privatizações são ilusão, o brasileiro deve aprender a administrar seus próprios recursos e não permitir que a corrupção pilhe o nosso patrimônio.

Como administradores, devemos saber que a solução para o melhor funcionamento das estatais é deixando-as nas mãos de profissionais brasileiros competentes. A venda dessas empresas tem por trás o interesse pessoal de alguns políticos e empresários que muitas vezes tornam-se acionista dessas empresas após suas vendas. Enquanto profissionais, devemos nos posicionar contra essa prática e levantarmos a bandeira da reestatização dessas empresas para que beneficiem nossos trabalhadores e sociedade e não atendam simplesmente ao interesse de grandes magnatas.

Questões sobre a Privatização (Por Flávio Arcega)

Sou Flávio Casas de Arcega, fui candidato a representante dos empregados no Conselho de Administração do Serpro e nos últimos dias fui procurado por colegas de trabalho que andavam aflitos com o anúncio de privatização da empresa. Um destes colegas, em especial, me procurou informando que teria contato com um deputado eleito pelo povo paranaense e que estaria disposto a levar ao plenário da câmara anseios dos empregados. Pensando nisso encaminhei esse texto ao nobre colega, são algumas dúvidas que gostaria que fossem respondidas pelo pessoal que é favorável a privatização ou abertura de capital das empresas Serpro e Dataprev. Publico esse texto na esperança de que representações sindicais ou até mesmo outros deputados possam servirem-se deste conteúdo.

A importância do Serpro e a Dataprev para o Cidadão

A proteção de dados pessoais tem como base valores fundamentais previstos pela nossa constituição, como, o respeito à privacidade; à autodeterminação informativa; à liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de opinião; à inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; ao desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação; à livre iniciativa, livre concorrência e defesa do consumidor e aos direitos humanos liberdade e dignidade das pessoas.

O Serpro a mais de 50 anos processa dados dos cidadãos, respeitando direitos, e lidando com informações de alto nível de sigilo como por exemplo: dados Imposto de Renda de Pessoas Físicas e Jurídicas; dados relacionados aos CPFs e CNPJs; Carteira de Motorista; operações de importação, exportação e controle portuário; passaportes; programas sociais e repasses federais; registro de veículos em todo o país, bem como dados de furtos e roubos relacionados; dados da Agência Brasileira de Inteligência, da Presidência da República, dos Ministérios e uma série de outros órgãos da Administração Pública Direta. Importante destacar ainda contribuições históricas à democracia como o desenvolvimento inicial da urna eletrônica, do Porto Sem Papel, do intenso uso do software livre proporcionando ao Estado redução gigantesca de gastos com licenças de software além de independência para com fornecedores.

A Dataprev, que tem como principal cliente o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), é responsável pelas informações de mais de 34,5 milhões de aposentados e pensionistas. Responsável também pelos programas da rede de atendimento do INSS e do Sistema Nacional do Emprego, por todos os registros de nascimento e óbito, informações de caráter extremamente pessoal do cidadão.

Sabemos que existe um amplo mercado informal, e ilegal, de dados pessoais. Não é raro nos depararmos com casos de vazamentos de gigantescas bases de dados, até mesmo de instituições do setor financeiro. No entanto, estas empresas possuem uma história de excelência técnica, de credibilidade e de seriedade na missão de guardar essas informações. São empresas que todos os anos sofrem pesados ataques, que lidam com um volume enorme de dados e ainda assim mantêm a credibilidade alta. E por serem empresas públicas, elas têm compromissos e deveres para com a sociedade. Estão submetidas aos princípios da administração pública: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência, e ainda submetidas a lei da transparência e a lei de acesso à informação.

A importância do Serpro e Dataprev para a estratégia de Governo Digital

É necessidade de toda organização otimizar recursos e inovar, e com o Estado Brasileiro isso não é diferente. E é neste momento em que vivemos, tempos de inteligência artificial, big data e internet das coisas, que o conhecimento acumulado nestas empresas, em mais de 50 anos de atividade, faz total diferença. Pelas redes, computadores e sistemas do Serpro e Dataprev passam praticamente todas as informações estruturantes do Estado. As pessoas que nestas empresas trabalham conhecem detalhes do Estado em um nível que certamente poucos brasileiros podem imaginar. E o conhecimento é matéria-prima fundamental para o desenvolvimento e a inovação. Quando associado à competência técnica, garantem a eficiência nos projetos e a efetividade nas soluções.

O Serpro e a Dataprev desenvolvem soluções tão capazes quanto aquelas colocadas à venda por gigantes multinacionais. E se por um lado, o câmbio é bastante desfavorável para a compra destas soluções, por outro deixa o Estado Brasileiro ainda mais dependente destas empresas estrangeiras. Com os softwares desenvolvidos pelas empresas públicas é possível resolver problemas comuns em muitos órgãos do Estado, desde a esfera federal até a esfera municipal, incluindo ainda embaixadas em fronteiras internacionais. E para apresentar soluções inovadoras, não basta apenas conhecer da tecnologia, é preciso também conhecer do negócio, é nesse aspecto que estas empresas se diferenciam.

O Resultado Econômico

Serpro e Dataprev são organizações tidas como modelo de gestão dentro do Estado Brasileiro, por isso, não é mera coincidência elas estarem todos os anos nas listas de revistas especializadas do tema. Mas, por serem empresas intimamente ligadas ao funcionamento do Estado e terem por objeto social o atendimento prioritário de sistemas estruturantes (muito específicos da administração pública brasileira), acabam também dependendo diretamente da disponibilidade financeira da administração pública. Nesse sentido, quando o orçamento público não possui disponibilidade para investimentos, as empresas acabam tendo poucas saídas a disposição. É preciso reconhecer o esforço que se faz em desacoplar parte das soluções visando reaproveitá-las e revendê-las em outros cenários, porém, a maioria dos grandes sistemas desenvolvidos por estas empresas são soluções específicas para problemas específicos do Estado Brasileiro.

Diante destes fatos, o então Presidente Caio Paes de Andrade vem fazendo declarações que apontam como saída para a falta de orçamento a privatização. Em declaração recente ao Valor Econômico ele diz explicitamente que vê “a privatização como unico caminho possível à empresa para conseguir os investimentos necessários ao desenvolvimento de novos produtos e ganhar novos clientes no mercado privado”.

Perguntas

Quando uma Petrobrás, por exemplo, encontra um novo poço de petróleo ou nova fonte de energia e vai ao mercado pedir investimentos, é lógico que o investidor vê oportunidades de ganho uma vez que aquela riqueza natural será transformada em riqueza financeira a ser realizada no mercado e repartida entre os investidores.

Para o caso das empresas públicas em questão, não parece improvável que investidores queiram arriscar seus capitais em uma empresa que têm como foco prioritário o atendimento de sistemas estruturantes da administração pública? Ainda mais em um cenário onde a EC96 limita o aumento de gastos?

Nos últimos anos estas empresas apresentaram resultados financeiros positivos, muito por conta do pagamento de dívidas atrasadas, o que as retira da situação de deficitárias e dependentes. É prudente o Estado se desfazer de empresas que estão em plena saúde financeira? E como é que, na condição de empresa privatizada, o Estado iria manter o atendimento dos serviços ao cidadão supondo que esta situação de inadimplência pode voltar a se repetir?

Há casos em que sistemas que foram desenvolvidos fora destas empresas, ao serem entregues não atendiam aos propósitos que se propunham causando situações prejudiciais ao Estado por conta de prazos e outras exigências legais. É sabido que softwares personalizados estão entre os tipos de produtos que estão sujeitos aos mais diversos problemas, destacando-se entre eles o superfaturamento de projetos. Sem a experiência de profissionais especializados no negócio e também tecnicamente a dificuldade de mensurar e gerir estes projetos é ainda maior. Como o governo pretende resolver essa questão sem estas empresas públicas? O atual governo possui uma estratégia real para um Governo Digital ou é apenas mais uma peça de propaganda?

O Serpro e Dataprev possuem Centros de Dados, Redes de Dados e uma série de outras infraestruturas que permitem conectar órgãos da administração pública de forma sigilosa por todo o território nacional. Esta infraestrutura, quando administrada por estas empresas, permite um nível de reaproveitamento que lhe confere uma otimização do uso ao mesmo tempo em que garante níveis altíssimos de qualidade dos serviços, ainda mais agora com o uso ampliado de nuvem computacional. O governo possui um plano claro para a migração desses serviços de forma eficiente tecnicamente e economicamente? Porque é que se pretende trocar uma estrutura hoje funcional e confiável por outra duvidosa?

Para os casos em que a iniciativa privada não vier a cumprir com os direitos previstos na constituição, agora com a Lei Geral de Proteção de Dados, e com demais exigências que a sociedade vier a fazer. Como é que o governo pretende lidar com estas situações? Que garantias o governo dará ao cidadão que hoje tem lei de acesso à informação, legislação pertinente e uma série de outros instrumentos da democracia a seu favor?